Ao ouvir histórias de indivíduos que fizeram fortuna nesse ambiente de negócios, em um tempo relativamente curto, muita gente se questiona se tais fatos estão ao alcance de todos ou se apenas mentes brilhantes conseguem chegar ao sucesso na bolsa.
Para fugir de algumas armadilhas e ter base sólida para buscar resultados positivos no mercado acionário, veja a seguir as nossas dicas de como custear a própria vida por meio desse tipo de investimento.
Como surgiu a bolsa de valores no Brasil?
O início da bolsa de valores no Brasil remonta a 1890, com a criação da Bolsa Livre. Com vida curta, fechou as portas no ano seguinte e só ressurgiu em 1895, com o nome de Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo. Na década de 1960, havia uma bolsa de valores para cada estado do país, sendo a principal delas a do Rio de Janeiro.
No começo deste milênio, as negociações das ações de companhias de capital aberto e de títulos privados passaram a se concentrar em São Paulo, na Bovespa, enquanto os títulos públicos ficaram na Bolsa do Rio de Janeiro.
Depois disso, a fusão com a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) e com a Cetip trouxeram a bolsa de São Paulo para o que ela é hoje, rebatizada de B3 e com mais de um milhão de investidores pessoas físicas.
É possível viver da bolsa de valores?
Não há dúvidas de que o potencial de rentabilidade dos ativos de renda variável é bastante superior ao das aplicações de renda fixa. Enquanto um Certificado de Depósito Bancário (CDB) dificilmente possibilitaria um retorno de 0,6% ao mês no contexto atual, na bolsa de valores é possível encontrar ações de empresas que crescem muito mais do que isso em questão de horas, dias ou poucas semanas.
À primeira vista, então, o mercado acionário é uma fonte eficaz de multiplicação de riqueza. Contudo, não se pode esquecer que as ações tanto sobem quanto descem. Logo, esse tipo de investimento envolve um risco considerável, principalmente para quem não está apto a operar na bolsa por meio da compra e da venda de ativos.
Nesse sentido, quem pensa que o mercado acionário é um pote de ouro, que ganhar dinheiro é fácil, está redondamente enganado. Embora haja oportunidades frequentes de lucro, também existem possibilidades de perdas, que, em muitos casos, podem até superar as expectativas negativas do investidor.
Apesar disso, é possível, sim, viver da bolsa de valores. Com estudo, estratégia e disciplina, o indivíduo pode obter o sustento e uma vida melhor a partir das aplicações no mercado de renda variável. Vamos ver, em seguida, como isso pode ser feito. Acompanhe!
Como viver da bolsa?
Você talvez já tenha ouvido a máxima de que um cavalo encilhado não passa duas vezes, para dizer que uma grande chance não se repete com frequência. Entretanto, quando se trata da bolsa de valores, tal pensamento popular perde um pouco a razão.
Na verdade, as oportunidades de ganho na bolsa ocorrem com certa periodicidade, que pode ser em minutos, horas, dias, semanas etc. É claro que tais chances não geram lucros para todos no mercado, já que é preciso estar preparado para “montar o cavalo” que passa.
Como você já deve ter percebido, antes de viver da bolsa de valores, o indivíduo deve agregar bastante conhecimento de educação financeira. No jargão da bolsa, muitas vezes se fala que primeiro é preciso aprender a sobreviver, para assim não ser “engolido pelo mercado”, para depois lucrar.
No embate diário entre compradores e vendedores de ativos, você deve saber o lugar certo para se posicionar. Para tanto, deve conhecer os momentos corretos para entrar e sair de uma operação com lucro ou, se for o caso, minimizar o prejuízo.
É importante mencionar, desde já, que não existe uma forma única de ganhar dinheiro na bolsa de valores. Há chances de resultados positivos no curto, no médio e no longo prazo, que demandam estratégias diferentes.
A propósito, muitas vezes quem faz operações que duram minutos ou horas, como os traders profissionais, é chamado de especulador na bolsa, não de forma pejorativa, mas no sentido de que está buscando lucro com os movimentos do mercado, e não pelo valor da empresa.
Já quem aplica recursos no longo prazo é tido como investidor propriamente dito. Por exemplo, quem negocia no curto prazo geralmente utiliza a análise técnica, também chamada de análise gráfica, para tomar decisões de entrada e de saída de operações.
Nesse caso, com as cotações dos ativos e uma série de indicadores existentes em plataformas específicas para visualização dos gráficos, é possível identificar o momento ideal para alocar recursos em determinado papel e aproveitar a tendência do mercado.
Já quem visa o lucro no longo prazo, via de regra, usa a análise fundamentalista para avaliar os indicadores da saúde financeira das companhias, além das perspectivas de crescimento dos negócios, para aproveitar a valorização sustentável das empresas.
Além disso, é possível obter rendimentos periódicos, por meio dos dividendos pagos pelas companhias, que podem contribuir bastante para viver da bolsa com mais tranquilidade.
O que preciso saber para viver da bolsa?
Para pensar em viver da bolsa de valores, devemos tomar algumas precauções e adotar determinadas medidas. Confira a seguir.
Conheça seu perfil de investidor
Se você quer de fato viver da bolsa, antes deve saber se tal ambiente de negócios está de acordo com o seu perfil de tolerância a risco. Como já mencionamos, a bolsa basicamente comercializa ativos de renda variável, em que há possibilidades de ganhos e perdas. Você já parou para pensar como se sentiria com um prejuízo?
Aqui, é importante levar em consideração dois aspectos: o seu sentimento em relação ao risco e a sua capacidade de assumir riscos. O primeiro diz respeito ao que mencionamos acima.
Algumas pessoas se sentem incomodadas quando veem seus investimentos com rendimento negativo e tendem a tomar decisões que contrariam suas estratégias, fazendo com que percam mais ou que a perda seja irreversível.
Além disso, é preciso analisar a sua situação de vida. Se você é jovem, mora com seus pais e não tem filhos, não vai acontecer muita coisa se tiver um prejuízo nos investimentos. Agora, se você tem filhos em idade escolar, sustenta a família, paga um financiamento imobiliário e ajuda seus pais idosos, sua capacidade de tomar risco tende a ser menor.
Mantenha uma reserva de emergência
É importante que você já tenha algum valor em aplicações de baixo risco para suas despesas e da sua família, pelo prazo de, por exemplo, 2 anos, e que seja aplicado em algo seguro, como a renda fixa. Assim você terá esse período de adaptação à nova profissão de trader, até porque nos períodos iniciais seus resultados podem ser um tanto dispersos.
Trace uma estratégia
Saiba ainda que diversos fatores psicológicos podem afetar o desempenho de um operador do mercado financeiro, seja profissional ou não. Sentimentos, como ansiedade, ganância, euforia, medo, pessimismo etc., podem fazer com que você tome decisões com base somente na emoção em vez da razão.
Você já ouviu falar no efeito manada? Nesse caso, os indivíduos tendem a repetir comportamentos da massa, sem análises prévias das próprias decisões. E é perfeitamente possível evitar esse comportamento.
Para isso, é preciso traçar uma estratégia e não fugir dela. Analise as ações, escolha em quais quer investir e defina quais são os patamares para desfazer o negócio. Por exemplo, vamos imaginar que você comprou um papel a R$ 40,00 e acredita que pode ganhar 15% com ele. Programe uma ordem de compra para quando ela atingir esse preço, ou seja, R$46.
Da mesma forma, defina quanto está disposto a perder. Se for os mesmos 15%, programe uma ordem de venda para o caso de a ação cair a R$34. Você pode ainda acreditar que a queda é uma oportunidade de comprar mais por um valor mais baixo e programar ordens de compra.
O importante é não ficar mudando de estratégia e entender quanto aquele prejuízo vai significar no todo das suas aplicações. Por exemplo, se você tem 100 ações de uma empresa, compradas a R$ 40,00 e elas caem 10%, vai ficar com R$ 3.600,00.
No entanto, se você tem várias ações, que somam R$ 50.000,00 no total, esse prejuízo é bem menor, de apenas 0,8%, e pode ser compensado pela alta de outros papéis.
Tenha disciplina
A melhor forma de minimizar o efeito da volatilidade sobre a sua carteira é investindo com regularidade. Assim, se o papel está valendo R$ 45,00 num mês, R$ 50,00 no outro e R$ 55,00 no seguinte e você compra um pouco por mês, acaba formando um preço médio da ação na sua carteira.
A disciplina também vai impedir que você escape do instinto de manada, que mencionamos acima. Esse movimento tem um efeito muito pernicioso para os investidores: faz com que vendam muito rápido na alta, perdendo a oportunidade de ganhar mais, e segurem demais a ação na queda, por não quererem assumir o prejuízo.
Note que o objetivo deste texto não é desanimá-lo na busca por viver da bolsa, mas sim transmitir um panorama real do que você encontrará no mercado financeiro. Perceba também que o risco diminui à medida que você o gerencia e adquire mais conhecimento.
Por exemplo, quando você era criança, atravessar a rua poderia ser uma causa de perigo, entretanto, depois de crescido, essa situação se tornou corriqueira e muito mais segura.
Com mais educação financeira, você se capacita para obter resultados consistentes na bolsa. Inicialmente, você pode estabelecer metas de ganho anuais, para não se frustrar com o sobe e desce das cotações.
Também é importante investir um capital que não fará falta na sobrevivência da sua família, caso contrário, a pressão contínua por ganhos poder afetar a seu lado psicológico e, consequentemente, sua performance nas operações.
Vale lembrar que você pode viver da bolsa sem, necessariamente, operar diariamente no mercado e sem ter que acompanhar de modo constante os indicadores da economia.
Com uma assessoria de investimentos, é possível contar com o auxílio de profissionais gabaritados do mercado financeiro e, assim, evitar erros comuns de iniciantes. Dessa forma, você não precisará queimar o seu capital no método de tentativa e erro para aprender como se opera na bolsa de valores.
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