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Finanças Pessoais

Finanças Pessoais – Entrevista

Finanças Pessoais - Entrevista
Escrito por André Momberger

Finanças Pessoais e Investimentos – Entrevista com sócio do portal Focalise Alexandre Wanderer

Esta é uma entrevista realizada em maio/2009 pela jornalista Daniela Machado com o especialista em finanças pessoais Alexandre Wanderer. Daniela mantém um blog onde escreve sobre o cotidiano. Veja-o em https://danielamachado.wordpress.com

Sair do aluguel e ir morar na casa própria, comprar um carro, bancar uma escola particular para os filhos, quitar as dívidas. Estes são alguns dos sonhos da maioria das pessoas. Mas para conseguir atingir estes objetivos precisamos economizar e é aí que encontramos um grande desafio: aprender a cuidar do nosso dinheiro.
Não é necessário ser especialista em economia para conseguir isso, basta ter disciplina. Empresário do ramo de tecnologia da informação, de comunicação digital, trader, bacharel em Ciências da Computação e pós-graduando em comunicação digital, Alexandre Wanderer, 36 anos, descobriu como poderia cuidar da sua saúde financeira. Em 1999, ele começou a estudar o assunto através da leitura de livros e de conversas com familiares e amigos.
Nesta semana, fiz uma entrevista com Wanderer para auxiliar os internautas a cuidar e a aplicar melhor o seu dinheiro.

Daniela – Em tempos de crise mundial, desemprego e valor elevado do custo de vida, como as pessoas podem fazer para economizar?
Alexandre – Primeiro temos que entender que as pessoas não cuidam do seu dinheiro como deveriam. Elas acabam vivendo muito próximas do que a sua renda permite, e algumas até acima deste limite, gerando os endividamentos, portanto não estão preparadas para enfrentar uma diminuição de renda. Mas quando isto acontece, mesmo não estando preparados, podemos começar anotando todos os nossos gastos numa folha de papel, desde um simples cafezinho até as despesas maiores. Assim identificamos para onde vai o nosso dinheiro. Uma vez por semana devemos analisar as anotações para descobrir onde mais gastamos, e verificar se podemos eliminar algumas despesas ou trocar por uma despesa menor. Normalmente uma análise nos gastos nos leva a soluções que diminuem nossa despesa mensal. Não se esqueçam de que esta análise deve ser feita em conjunto por todos os integrantes da família.

D – O famoso “porquinho” é uma opção para quem quer começar a guardar dinheiro ou acabamos deixando de fazer as tão escassas moedinhas faltar na hora do troco?
A – Eu pratico o que chamo de “o troco é meu”. Esta prática me proíbe de gastar qualquer moeda e nota de até R$ 2,00 e funciona assim: quando vou comprar alguma coisa sempre pago com notas acima deste valor e o troco eu guardo. Em outra compra no mesmo dia, não posso usar o troco recebido na compra anterior. No final do dia coloco todo o troco num cofrinho que fica em cima da minha mesa de trabalho. No final do mês faço a contagem de quanto deixei de gastar e este valor deposito numa conta específica no banco. No final do ano a quantia que deixei de gastar em pequenos detalhes é bem interessante, e a utilizo para as férias, presentes de natal, ou qualquer outro gasto que decidimos em família.

D – Guardar o dinheiro na boa e velha caderneta de poupança ou investir? Qual é a melhor opção para fazer o dinheiro render?
A – A caderneta de poupança é interessante para quem tem uma pequena quantia, onde os fundos de investimentos dos bancos cobram taxas de administração muito altas, e que com o desconto do imposto de renda podem render menos que a poupança. Mas ela não é um instrumento para acumulação de riqueza pelo seu baixo rendimento. O que sugiro é que as pessoas que tem quantias pequenas utilizem a poupança até que este valor lhes permita acessar um fundo de investimentos com baixa taxa de administração, um CDB ou até produtos de renda variável.
Mas as pessoas devem entender que para fazer o dinheiro render existem dois ingredientes fundamentais: juros compostos, e disciplina. Albert Einstein já dizia que a maior invenção do ser humano foram os juros compostos. Para se ter uma idéia, aplicando R$ 100,00 por mês, com um rendimento líquido mensal de 0,65%, em 20 anos teremos em torno de R$ 57.000,00 já atualizados para a época, lembrando que apenas R$ 24.000,00 foram investidos. Se continuarmos por mais 10 anos, teremos em torno de R$ 143.000,00, tendo poupado apenas R$ 36.000,00. Em 40 anos serão em torno de R$ 330.000,00. E para que isto aconteça é necessária a disciplina de todos os meses depositar o dinheiro na conta de investimento.

D – Você sempre diz que juros não se paga, se recebe, mas sabemos que muitos brasileiros recorrem ao empréstimo para quitar as suas dívidas e acabam pagando juros altíssimos. Nestes casos, quando se precisa de dinheiro emprestado, a quem devemos recorrer bancos, cooperativas ou financeiras?
A – O primeiro conselho que dou a estas pessoas é que tirem no mínimo uma hora por semana para cuidar do seu dinheiro. As finanças pessoais são como o nosso corpo, precisam de cuidado. Se uma pessoa está endividada, é como se ela estivesse doente e precisasse de um tratamento. Neste caso o tratamento é fazer uma relação de todas as dívidas, e traçar um plano para eliminação de cada uma, até a sua totalidade. Respondendo a sua pergunta, a melhor alternativa são os amigos e parentes onde os juros são muito menores do que o mercado cobra, mas deve-se ter cuidado para que isto não estrague a relação que existe.
Depois temos as cooperativas de classe, as associações de funcionários, e por último os bancos. Independente do tipo de empréstimo a ser feito, as pessoas devem sempre procurar trocar dívidas caras pelas mais baratas. Se devo no cartão de crédito, pagando juros de 10% ao mês, posso negociar com o meu banco um crédito pessoal onde vou pagar em torno de 6%, que apesar de ser muito caro, é barato comparado com a dívida anterior.

D – Atualmente temos maneiras diferentes e mais seguras trabalhar com o dinheiro, como cheque e cartão de crédito. Qual deles é o melhor?
A – Não existe maneira melhor ou pior para quem tem o domínio das suas finanças. Já para quem é consumista e não controla seu orçamento o cartão de crédito pode ser um problema, visto que só sabemos o valor que gastamos quando chega à fatura. Para estes casos aconselho o cartão de débito onde o dinheiro sai da conta no mesmo momento, e só conseguimos gastar tendo saldo na conta. Cada pessoa tem que encontrar a maneira que mais lhe deixa confortável, o importante é estar sempre acompanhando os gastos.

D – Parcelar ou pagar a vista? E se pagar a vista, qual a dica para conseguir guardar o dinheiro e ganhar um desconto?
A – Dificilmente como pessoa física conseguiremos juros para parcelamento que nos façam ganhar mais do que pagando a vista. A minha recomendação é que se faça aquisições sempre a vista, e com dinheiro vivo, exigindo do vendedor todo e qualquer desconto possível. As lojas pagam um percentual da venda para as operadoras de cartão, e o dinheiro pode demorar alguns dias para estar disponível. Quando mostramos que temos dinheiro vivo isto não acontece, nos dando um poderoso instrumento de negociação. Mas não adianta conseguirmos um excelente desconto se o dinheiro for desperdiçado com gastos desnecessários. Então meu conselho é depositar o dinheiro numa conta diferente da conta corrente no banco para evitar o desperdício. Que tal a mesma conta onde depositamos o dinheiro do cofrinho?
Ter uma vida financeira saudável é tão importante quanto termos saúde, então todos nós deveríamos ter um plano de consultoria financeira assim como temos um plano de saúde. Tirando raras exceções, você conhece alguém que nunca fez uma visita a um médico?

Sobre o autor

André Momberger

Administrador de Empresas com Especialização em Marketing e Finanças.

Financial Advisor, atua no mercado desde 2001 e como trader profissional desde 2004.

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