Elevação crescente dos gastos públicos, aumento da expectativa de vida (passando de 45,5 anos em 1940 para 75,5 anos em 2015) e crescimento exponencial do número de idosos no país (a estimativa é que essa parcela da população chegue a 60% em 2060) são alguns dos ingredientes que explicam por que o governo tenta desesperadamente aprovar a reforma da previdência ainda neste ano.
O problema é que a queda de braço entre Legislativo, Executivo e centrais sindicais resvala na economia nacional, na credibilidade do país perante os investidores estrangeiros e na própria performance das aplicações.
Você, que tem dinheiro aplicado ou pretende aplicar, sabe qual o impacto da reforma da previdência nos investimentos? Hoje vamos mostrar como taxa de juros, PIB, inflação, câmbio e mercado financeiro se relacionam com uma eventual decisão de mudança na previdência pública nacional. Confira!
Reforma da previdência e macroeconomia
O governo federal vem registrando rombos sucessivos recordes nas contas públicas desde 2014, resultados decorrentes da baixa arrecadação e do crescimento permanente das despesas obrigatórias. Esse cenário culmina na redução dos investimentos em infraestrutura (fato que impacta todo o setor produtivo nacional), bem como no aumento da dívida pública, criando uma espiral de dificuldades na gestão orçamentária.
Com uma dívida pública líquida na faixa dos 50% do PIB em 2017 e ausência completa de expectativa de reforma, a consequência mais imediata no país é o aumento da desconfiança dos investidores estrangeiros e a retirada em massa de seu capital aplicado. Com isso, torna-se inevitável uma iminente alta do dólar diante do real.
Outro impacto da discussão da reforma sobre a economia é que, se ela não sair do papel, a incredulidade dos grandes investidores forçará o governo a aumentar os juros para permanecer se financiando. Por fim, a combinação entre altas taxas de juros e depreciação cambial desemboca em efeitos tempestuosos que o brasileiro já conhece bem: descontrole inflacionário e degradação da atividade econômica.
O que tudo isso tem a ver com seus investimentos? Tudo, e é isso que veremos agora.
Impacto da reforma da previdência nos investimentos
Em um primeiro momento, mostramos as consequências econômicas do sepultamento do projeto de alteração nas regras da previdência. Agora, como em um fluxograma, vamos ver sequencialmente como esses impactos econômicos mudam a performance de suas aplicações.
De início, a valorização do dólar (já citada acima e que fatalmente deve ocorrer em caso de não aprovação da reforma) aumenta o custo dos insumos e dos bens de capital de muitas empresas, prejudicando seus resultados e (adivinha) depreciando o preço de suas ações.
Outra questão a ser considerada é que as corporações que têm dívidas em moeda estrangeira também se complicam nesse cenário, mais um fator crítico para quem opera no mercado acionário (sobretudo em companhias do setor industrial e do varejo).
Há que se falar também na própria queda no preço dos ativos em virtude da fuga de capital da Bolsa de Valores por ceticismo na economia nacional. Caso essa perspectiva se confirme, é interessante prestar atenção no desempenho dos fundos cambiais, que costumam se beneficiar do dólar alto.
Já o aumento da taxa de juros auxilia quem investe em renda fixa pós-fixada, uma vez que muitos ativos dessa categoria (como CDB, Tesouro Direto e LCI/LCA) são atrelados à Selic. Veja que é preciso estudar cada ativo para compreender o real impacto da reforma da previdência nos investimentos.
Por fim, vale lembrar que quem precisa de crédito costuma ter problemas em um momento de juros elevados, já que, nesse caso, os bancos acabam tendo um custo mais alto para captar recursos, tornando-se mais seletivos na concessão de crédito.
Investimentos que se beneficiam com o sucesso da reforma da previdência
Um inevitável impacto da reforma da previdência nos investimentos em caso de aprovação da reforma é a migração de recursos em direção a aplicações em renda variável, sobretudo em virtude da menor atratividade da renda fixa pela possível continuidade da queda dos juros.
Destaca-se também que um ambiente de juros baixos reduz o endividamento das empresas, o que favorece o aumento do lucro e, por consequência, a distribuição de dividendos.
De forma geral, se a reforma de fato ocorrer, o investimento em ações pode se tornar mais popular, fazendo com que as cotações subam e por consequência, fazendo com que este seja o tipo de aplicação mais indicado.
Investimentos que se beneficiam/são prejudicados com o insucesso da reforma da previdência
Havendo ou não deficit na previdência, as incertezas com relação às reformas estruturais do governo aumentam a volatilidade dos ativos no mercado financeiro. Com isso, especialmente os papéis com vencimento em prazos mais longos sentem com mais intensidade as consequências dessa indefinição.
Caso as tentativas de mudança fracassem, a renda fixa deverá ser protagonista do mercado financeiro em 2018, haja vista que a probabilidade de elevação dos juros faz das aplicações indexadas à Selic, como LCI/LCA, CDB, LC, Tesouro Direto, entre outros, verdadeiros instrumentos de proteção financeira.
As operações em câmbio também devem ser observadas com atenção ante um eventual disparo do dólar.
Já o mercado de ações, no outro extremo, deve amargar quedas sucessivas em um cenário negativo de reforma, exceto para quem opera descoberto (negociações que lucram com as desvalorizações dos papéis listados na Bovespa).
Para quem não opera “vendido”, recomenda-se optar por ações que tenham baixa correlação com o Ibovespa, bem como as mais conservadoras, como as chamadas ações defensivas (setor elétrico e de água/saneamento, por exemplo).
Perceba então que o impacto da reforma da previdência nos investimentos varia bastante de acordo com o índice ao qual o ativo está vinculado.
Seja qual for a composição de sua carteira, muito além do impacto da reforma da previdência nos investimentos, há inúmeras variáveis políticas e econômicas neste ano que podem mudar totalmente a performance de suas aplicações. De fato, a volatilidade do mercado exige atualização constante, o que é difícil para quem tem uma rotina intensa.
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