Para saber como investir na bolsa de valores, tenha em mente que, no mundo dos investimentos, existe uma máxima que diz que não se deve colocar todos os ovos em uma única cesta.
Isso significa que todo investimento implica um grau de risco. Ele pode ser maior ou menor e também depende de diversos fatores, como a taxa de juros no país, a inflação, a cotação do dólar e mudanças na legislação.
Assim, se colocar todas as suas economias em um único tipo de aplicação, o risco é bem maior do que se aplicar em diferentes tipos de investimento. Por exemplo, se o governo decide reduzir a taxa básica de juros no país, o investidor pode ganhar menos em uma aplicação ligada a essa variável, e mais em outra que se beneficia de juros menores, como costuma ser o caso das ações negociadas na bolsa de valores.
Existe ainda uma outra vantagem, que é a possibilidade de buscar rendimentos maiores. Se você aplicar parte do seu dinheiro em investimentos de baixo risco, como os de renda fixa, e outra parte em opções que oscilam mais, como o mercado de ações, consegue proteger uma parcela do seu patrimônio ao mesmo tempo em que tem a possibilidade de alcançar os ganhos maiores que o mercado de ações pode proporcionar.
Por isso, neste e-book, vamos explicar com detalhes como investir na bolsa de valores e o que fazer para começar a aplicar em ações. Acompanhe!
O que é a bolsa de valores?
A bolsa de valores nada mais é do que um mercado em que os investidores negociam entre si ações de empresas e alguns outros ativos, como opções e cotas de fundos de índice e de fundos imobiliários. Assim, ao comprar uma ação, você está comprando de outro investidor e, quando vende, está vendendo para outro investidor.
Como funciona a bolsa de valores?
A bolsa centraliza as operações de compra e venda de ações entre os investidores. Imagine que você tenha um carro e queira vendê-lo. Você pode colocar um cartaz no vidro do seu carro anunciando que ele está à venda e esperar que alguém interessado entre em contato.
Outra opção é anunciar seu carro em um portal de vendas. O comprador vai selecionar o modelo e o ano do carro no qual está interessado, o preço que está disposto a pagar e, se o seu veículo estiver em linha com os parâmetros que ele definiu, vai aparecer entre as opções para ele. O portal funciona como um centralizador de compradores e vendedores.
A diferença é que, no caso do carro, o comprador pode escolher a cor ou querer olhar como está a parte mecânica do veículo. Ou seja, mesmo similares, as mercadorias têm diferenças entre si.
Já as ações de uma empresa são idênticas entre si. As suas ações do Itaú, por exemplo, são idênticas às ações do Itaú dos demais investidores. Por isso, o investidor não escolhe de quem ele vai comprar a ação.
1. Ações
Uma ação é a menor parte do capital social de uma empresa. Assim, se eu tenho uma empresa cujo capital social é de R$ 100 milhões e divido a empresa em 10 milhões de ações, cada ação vai valer R$ 10. O detentor de uma ação da nossa companhia fictícia é dono, portanto, de 0,0001% da empresa.
Ao comprar ações de uma empresa, você se torna sócio dela. Na maioria das vezes, isso significa deter uma parcela bem pequena da companhia. Ainda assim, você participará dos resultados dessa empresa, sejam eles positivos ou negativos.
Se olhar as ações listadas na bolsa de valores, vai ver que o nome da empresa vem acompanhado de duas letras: ON e PN. Elas especificam o tipo de ação, se é ordinária ou preferencial. Veja abaixo.
Ordinárias
As ações ordinárias asseguram direito a voto para eleger membros do conselho de administração daquela empresa. O peso desse voto é proporcional à parcela das ações que o investidor tem. Assim, se você é um acionista com participação baixa, seu voto também terá um peso bem pequeno na decisão.
A contrapartida é que, se a companhia falir e for liquidada, os detentores das ações ordinárias só vão receber seu dinheiro depois que os funcionários, credores e acionistas preferenciais forem pagos.
Preferenciais
Ao contrário das ações ordinárias, as ações preferenciais não dão direito a voto nas assembleias das empresas. Por outro lado, em geral, elas têm preferência (daí o nome) na política de distribuição de dividendos da companhia e no pagamento em caso de falência e liquidação da empresa.
2. Índice Bovespa
Você já deve ter visto em noticiários a informação de que a bolsa subiu ou caiu “x%”. Essa variação corresponde à oscilação do Índice Bovespa, o Ibovespa. Ele foi criado em 1968 e é o índice mais tradicional da bolsa brasileira.
É uma carteira teórica de ações, reavaliada a cada quatro meses. As ações que compõem o Ibovespa são aquelas negociadas com mais frequência e com grande volume.
A carteira que entrou em vigor em janeiro de 2019 tem 65 ações e vale até o fim de abril. Os critérios para participar do Ibovespa são:
- fazer parte dos ativos que, dentro do período de um ano, representem 85% do índice de negociabilidade;
- ter presença de 95% nos pregões no último ano;
- ter participação de volume financeiro mínima de 0,1% no mercado à vista;
- não ser penny stock, que são as ações com cotação abaixo de R$ 1.
3. Horários de negociação
O pregão da bolsa de valores brasileira, a B3, funciona nos dias úteis, das 10h às 17h no “horário regular”, que vai de março a outubro.
Das 17h30 às 18h, acontece o After Market, que permite a negociação de ações após o pregão regular. Nesse período, as ordens enviadas não devem exceder a variação máxima de 2% (para mais ou para menos) em relação ao preço do fechamento da ação no período diurno. No horário de verão, o pregão ganha uma hora a mais e funciona das 10h às 18h.
4. Leilões da Bovespa
A bolsa tem dois horários de leilão: antes da abertura do pregão e, depois, nos minutos finais do pregão. No leilão, os investidores podem enviar suas ordens de compra e venda de ações. Elas são registradas, mas o negócio não é efetivado.
O leilão de pré-abertura ocorre 15 minutos antes do início do pregão, e o de fechamento, nos 5 minutos finais do pregão. Vale destacar que, uma vez enviada a ordem no leilão, não é mais possível cancelá-la.
Quais as vantagens e desvantagens de comprar ações?
Assim como todas as demais aplicações, o investimento em ações apresenta vantagens e desvantagens. Para decidir se ele é para você, importante é pensar em como se sente em relação ao risco, se pode assumi-lo e o que busca com esse investimento.
Vantagens
A maior parte das pessoas entra no mercado de ações pela possibilidade de ter rendimentos maiores do que nas aplicações mais tradicionais, como os fundos de investimento de renda fixa. Detalhamos abaixo as vantagens de investir na bolsa.
1. Alta rentabilidade
A possibilidade de alcançar uma rentabilidade alta é, sem dúvida, o que mais atrai investidores para a bolsa. Enquanto na renda fixa, a rentabilidade é conhecida no momento da aplicação, na bolsa, as ações da sua carteira podem se valorizar muito mais e oferecer rendimentos altos.
2. Liquidez diária
Liquidez é a facilidade de transformar um ativo em dinheiro. Por exemplo, se você tem um diamante valioso e quer vendê-lo, vai ter que encontrar um comprador para ele. Talvez demore, ou talvez você não consiga encontrar com facilidade alguém disposto a pagar o valor que considera justo pela peça. Assim, seu diamante tem baixa liquidez.
Na bolsa de valores, se você quiser ou precisar vender suas ações, conseguirá fazê-lo na mesma hora, pelo preço que está sendo negociado no mercado. Assim, as ações têm liquidez diária.
3. Autonomia
O mercado de ações é ideal para quem gosta de tomar as próprias decisões em relação aos seus investimentos. Quando você aplica em um fundo de investimentos, delega a um gestor profissional a tarefa de escolher em quais ativos vai aplicar o dinheiro dos cotistas.
Já na bolsa de valores, é o próprio investidor quem decide em quais empresas vai investir e quando vai comprar ou vender. Ou seja, é uma opção interessante para quem gosta de ter mais autonomia.
4. Não é preciso um investimento alto
Há um mito de que o mercado de ações é para quem tem muito dinheiro. Não é verdade. Com menos de R$ 100, já é possível começar a investir em determinadas ações. No dia 4 de fevereiro de 2019, uma ação do Itaú, por exemplo, estava valendo cerca de R$ 39. É lógico que esse valor oscila e, se você for comprar, pagará o preço daquele momento.
5. Possibilidade de alugar ações
Nem só de compra e venda vive o mercado de ações. O investidor também pode alugar as suas ações e garantir uma renda extra. Funciona assim: quem tem o título (o doador) pode alugar suas ações a um investidor que precise delas temporariamente (o tomador). Em troca, recebe juros.
A operação tem baixo risco porque a CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) atua como reguladora e exige que o tomador forneça garantias para o negócio. Enquanto as ações estiverem alugadas, o doador recebe, além dos juros acordados, os eventuais proventos (dividendos, bonificações, juros sobre capital próprio etc.) que as empresas pagarem para aqueles papéis.
O tomador normalmente faz essa operação apostando na baixa do preço daquela ação. Assim, por exemplo:
- ele pode alugar uma ação que está valendo R$ 100;
- vender por esse preço;
- ela cair para R$ 95;
- recomprar pelo valor mais baixo;
- devolver as ações ao doador e embolsar a diferença.
Desvantagens
Se a possibilidade de lucrar mais é um atrativo, o risco é o outro lado da moeda. Não é à toa que as ações fazem parte do chamado mercado de renda variável, justamente, porque seus preços oscilam. E oscilar significa tanto subir quanto cair. Vamos analisar com mais detalhes.
1. Alto risco
Como dissemos acima, o risco é o principal ponto de atenção para quem investe em ações. São muitos os fatores que podem afetar o preço de uma ação.
Acontecimentos políticos e econômicos nacionais e internacionais, mudanças na legislação, problemas na gestão da própria empresa, momento do mercado, fluxo de investimentos. Tudo isso pode influenciar o preço de uma ação, muitas vezes, com mais de um fator ao mesmo tempo.
2. Alta volatilidade
A volatilidade indica as oscilações no valor de um ativo, considerando sua intensidade e frequência. É também uma forma de avaliar o risco do investimento. Quanto mais volátil for o ativo, maior o risco, assim como também aumenta a chance de obter ganhos elevados com ele.
Algumas ações são mais voláteis do que outras. Papéis de empresas grandes, consolidadas e com boa previsibilidade de resultados tendem a apresentar volatilidade menor do que as empresas mais novas, que atraíram investidores com a perspectiva de que o negócio apresentasse alto crescimento, ou cujo desenvolvimento depende de fatores externos, como a aprovação de uma regulamentação favorável.
3. Baixo grau de previsibilidade
Existe algum grau de previsibilidade para o mercado de ações. Tanto é assim que as casas de investimento mantêm equipes de especialistas que se dedicam a analisar o mercado e cada empresa para tentar antecipar as tendências de cada ação.
Mas o fato é que ninguém tem bola de cristal. Podem acontecer inúmeros fatores imponderáveis que façam com que as projeções não se concretizem.
Isso não significa, porém, que você deva ignorar as análises e fazer apostas no escuro. É melhor fazer um investimento racional e que tem alguma probabilidade de não se desenvolver conforme esperado do que um sorteio aleatório, com grande chance de dar errado.
4. Instabilidade econômica
A bolsa de valores não combina com instabilidade, nem econômica nem política. Esse ambiente de incertezas não é bom para a lucratividade das empresas e, consequentemente, mantém os investidores afastados, deixando a bolsa sem fôlego para subir.
5. Exigência de conhecimento do mercado
Você pode (e deve) contar com uma boa assessoria para começar a investir em ações. Isso, porém, não o exime de entender o que está fazendo. Para isso, vai ter que estudar um pouco sobre como investir na bolsa de valores.
Não é necessário ser um grande especialista, mas é preciso conhecer o funcionamento básico do mercado, o que influencia os preços das ações, estar atualizado sobre o que está acontecendo no país e no mercado. Enfim, é uma opção para quem gosta do assunto e quer acompanhar.
Quais as formas de investir na bolsa de valores?
Você pode investir em ações de uma forma direta ou indireta. Na forma direta, você se cadastra em uma corretora de valores e pode comprar e vender suas ações diretamente. Também é possível investir em ações de forma indireta, por meio dos Fundos de Investimentos em Ações. Veja abaixo como funciona.
1. Fundos de Investimentos
Existem fundos de investimentos que investem exclusivamente em ações. De acordo com as regras da ANBIMA, esses fundos precisam ter pelo menos 67% da sua carteira em ações à vista.
A principal diferença é que, em vez de você gerir a sua carteira de ações, essa tarefa é delegada ao gestor do fundo, que vai escolher em quais ativos investir. As principais vantagens são, justamente, contar com um especialista para tomar as decisões de investimento e ter acesso a uma carteira diversificada de ações mesmo comprando uma única cota do fundo.
2. Clubes de investimentos
Os clubes de investimentos funcionam de forma similar aos fundos de investimentos. Eles são formados por um grupo de, no mínimo, 3, e, no máximo, 50 pessoas que tenham objetivos em comum. O dinheiro aplicado é entregue a um gestor, que vai aplicá-lo de acordo com as estratégias definidas pelo grupo.
3. Diretamente por uma conta própria em uma corretora
Se você prefere controlar diretamente seus investimentos e decidir quando comprar e vender, pode abrir uma conta em uma corretora de valores e fazer você mesmo as suas aplicações. Nesse caso, pode ter sua carteira própria de ações ou investir em fundos negociados em bolsa, os chamados ETFs.
Carteira própria de ações
Ao abrir uma conta em uma corretora de valores, você mesmo pode comprar e vender as ações que quiser e quando quiser. Normalmente, as corretoras disponibilizam diversos canais para fazer essas transações.
Um deles é o home broker, que é uma plataforma online de negociação de ações (e todos os outros ativos negociados na bolsa). Algumas corretoras oferecem também negociação pela mesa de operadores. Nesse caso, você fala com um corretor, que vai executar a ordem que você determinar.
ETF
ETF é uma sigla em inglês que significa exchange-traded funds. São fundos cujas cotas são negociadas na bolsa de valores, como se fossem uma ação. É uma forma prática de investir em ações de forma diversificada, uma vez que seguem a variação de algum índice de referência, como o Ibovespa ou o IBrX100.
Assim, você pode comprar cotas do ETF que desejar pela sua corretora e vendê-las quando quiser, da mesma forma que faria com uma ação. O seu lucro (ou prejuízo) será muito similar à variação do índice de referência no período em que você manteve a cota.
Como investir na bolsa de valores por meio de uma corretora?
Começar a investir na bolsa é bem simples. Com este passo a passo resumido, você já pode começar.
1. Abra uma conta em uma corretora de valores
O primeiro passo é abrir uma conta em uma corretora de valores. Seguem alguns critérios que você deve avaliar para escolher a sua corretora:
- pesquise a reputação e a solidez da corretora, assim como devemos fazer com qualquer instituição em que colocamos nosso dinheiro;
- confira as taxas praticadas pela corretora. Elas variam bastante. Algumas cobram taxa de custódia (para manter a guarda das ações), e outras não. A taxa de corretagem, cobrada pelas negociações, é praticada por todas as corretoras, mas também varia bastante e vale a pena pesquisar;
- cheque a assessoria e o suporte que a corretora oferece. Como vimos, existem muitos fatores que impactam o mercado de ações. A corretora fornece assessoria para você decidir em quais ações investir, quando comprar e quando vender? E, se você precisar de um suporte operacional, ela vai atender você? É fundamental se certificar;
- analise se tem um home broker moderno e com ferramentas que podem auxiliar o investidor, como uma ferramenta de análise gráfica, serviço de notícias, webinars com especialistas, relatórios de análise e uso de robôs para investir.
2. Transfira o dinheiro
Aberta a conta na corretora escolhida, basta transferir o dinheiro da sua conta no banco para a sua conta na corretora. Os dados para essa transferência serão fornecidos pela própria corretora.
3. Crie um plano de investimento
Existem muitas estratégias para investir em ações. O importante é que você tenha um bom plano de investimento. Isso significa, primeiro, definir quanto do seu patrimônio financeiro deve ser colocado no mercado de ações. Mais uma vez, é preciso levar em conta seu perfil de investidor, quanto risco você está disposto a assumir e quanto é capaz suportar.
Os recursos destinados ao mercado de ações devem ser de longo prazo. Isso não significa que você precise necessariamente comprar uma ação e ficar com ela por um longo período, mas que deve entender que pode ganhar em uma operação e perder em outra, e que aqueles recursos devem continuar sendo investidos nesse mercado.
Ainda assim, é preciso escolher que tipo de estratégia vai seguir. É possível comprar ações e mantê-las por um longo período, acreditando que a boa gestão da companhia vai render resultados positivos e, logo, valorização da ação no longo prazo. Outra possibilidade é fazer negociações de curto prazo, observando eventos que impactem o preço da ação para tentar tirar proveito deles.
4. Escolha as ações
A escolha das ações que vão compor a sua carteira deve ser feita com muito cuidado. Evite modismos, principalmente, as penny stocks, papéis negociados a centavos, que têm uma volatilidade muito grande e, logo, são muito arriscados.
Para escolher as ações para investir, você pode observar tanto as análises fundamentalistas, que levam em consideração as projeções de resultados da empresa, quanto a análise gráfica, que observa o comportamento passado da cotação da ação para tentar traçar tendências para o futuro. A análise fundamentalista costuma ser mais usada para o longo prazo, e a gráfica, para curto e médio prazos.
5. Comece a investir e acompanhar os resultados
Escolhidas as ações, basta realizar a compra pelo seu home broker. Você informa quanto quer investir ou quantas ações quer comprar, o preço máximo que aceita pagar pela ação e envia a ordem. O sistema vai procurar um negócio compatível e, se encontrar, faz a transação. No caso de ações de grandes empresas, esse processo costuma ser bem rápido.
Depois, é importante continuar monitorando seus investimentos e fazer uma reavaliação periódica para se certificar de que aquela aplicação ainda faz sentido e deve ser mantida, ou se é o caso de realizar lucros ou prejuízos e mudar de estratégia.
Este guia trouxe um manual completo para você sobre o funcionamento e como investir na bolsa de valores. Como vimos, esse mercado traz oportunidades muito interessantes de diversificação dos investimentos, ao mesmo tempo em que requer um pouco de conhecimento e certos cuidados.
Com essas informações, você já pode dar os primeiros passos na bolsa de valores e começar a investir. Mas não pare por aqui. Veja estas 6 dicas para criar um plano de investimento agora mesmo!