Quem tem capital para investir em longo prazo pode fazer uma boa aposentadoria ou deixar um legado consistente para os filhos por meio do Tesouro Nacional, mas será que investir no Tesouro Direto ainda vale a pena?
Como os investidores não são todos iguais, a resposta não é simplesmente sim ou não. Porém, as opções de títulos públicos apresentam boas vantagens, interessantes a qualquer pessoa. Além disso, existem diferentes títulos e vencimentos, o que dá liberdade de escolha.
Entenda agora um pouco mais sobre o Tesouro Direto e suas vantagens e desvantagens para tomar uma boa decisão sobre suas aplicações.
O que é Tesouro Direto e como funciona?
Uma das maneiras que o governo federal tem de financiar os cofres da União é com a emissão de títulos públicos. Quem compra um título público está, portanto, emprestando dinheiro ao governo, que usará os recursos para investir, pagar os custos da estrutura pública e arcar com outros gastos.
Os títulos do Tesouro Nacional são vendidos a pessoas físicas e jurídicas e posteriormente são liquidados com juros. Na prática, como dissemos, funciona como um empréstimo de pessoas e empresas à União. Os investidores, por sua vez, recebem rendimentos por esse “empréstimo”.
O Tesouro Direto é o nome do programa que o governo federal criou para poder vender títulos públicos diretamente aos investidores pessoa física.
Quais são os títulos públicos à venda?
Conheça, neste tópico, os títulos que estão disponíveis para aquisição, como os que estão elencados a seguir.
Indexados ao IPCA (Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais)
Nessa seção as opções têm os rendimentos atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e compostos por uma taxa de juros prefixada. Ou seja, o investidor conhece o percentual de rendimentos logo na compra do título e sabe qual indicador econômico faz sua correção para que não haja perda de lucro por conta da inflação.
Ainda dentro dos títulos indexados ao IPCA existem as separações entre títulos com juros semestrais e não semestrais. Para os primeiros, os rendimentos são pagos aos investidores a cada seis meses, enquanto nos demais os juros são pagos apenas no momento da liquidação da aplicação ou no seu vencimento — quando também é liquidada.
Atualmente, seis opções são oferecidas pelo Tesouro, sendo três de cada tipo. Para as notas com juros semestrais os vencimentos são em 2024, 2035 e 2045. Nas demais, os vencimentos são em 2026, 2035 e 2050.
Prefixados (Tesouro Prefixado e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais)
No Tesouro Prefixado os investidores também conhecem o percentual de seus rendimentos na compra das notas. A diferença entre esses títulos e os indexados ao IPCA, citados acima, é que a rentabilidade é composta apenas pelos juros, sem um índice de mercado em conjunto. Por outro lado, os percentuais costumam ser superiores aos demais, chegando quase ao dobro daqueles destacados no Tesouro IPCA+.
Estão disponíveis para compra duas opções sem pagamentos semestrais de juros, uma com vencimentos em 2021 e 2025, e outra com juros semestrais, que vence em 2029.
Indexado à Taxa Selic (Tesouro Selic)
Hoje, o Tesouro oferece apenas uma nota do Tesouro Selic, com vencimento em 2023. Esse título tem como baliza dos rendimentos da taxa Selic e tem os juros conhecidos pelo investidor apenas na liquidação, conforme o sistema de juros pós-fixados — de acordo com a variação da taxa dentro do tempo pelo qual a aplicação é mantida pelo investidor.
O Tesouro Direto ainda vale a pena?
Para responder a essa pergunta é preciso conhecer as vantagens e desvantagens dessa modalidade. Veja logo abaixo.
Vantagens do Tesouro Direto
1. Baixo risco
Entre os principais riscos do mercado financeiro estão o de crédito e de mercado. No caso do Tesouro Direto, o risco de crédito é tão baixo que pode ser visto como quase inexistente, pois a União, historicamente, é uma boa pagadora de seus credores-investidores, mesmo em momentos de recessão na economia.
Em relação ao risco de mercado, também é baixo. Com juros prefixados para a maioria das notas, não há o que possa mudar seus percentuais se os investimentos forem mantidos até o vencimento.
Por exemplo, em comparação com o que pode ocorrer com as ações de companhias na bolsa de valores, como grande desvalorização por escândalo administrativo em uma empresa ou mudança de lei com consequência negativa à ela, o risco de mercado é quase inexistente também.
2. Alta liquidez
O Tesouro garante a compra do título quando o investidor quiser liquidá-lo, seja antes do vencimento ou em sua data, com os rendimentos gerados.
3. Possibilidade de reinvestir para lucrar mais no vencimento
Optando por uma nota com pagamento de juros semestrais o investidor pode, a cada seis meses, reinvestir essas antecipações na mesma para, no seu vencimento, ter uma rentabilidade maior, pois o capital seguirá aumentando em periodicidade semestral até lá.
4. Segurança para investimentos acima de R$ 250 mil
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) assegura até R$ 250 mil por CPF em diversos rendimentos de renda fixa.
O Tesouro Direto não conta com essa proteção do FGC, mas o governo federal tem mais poderio econômico-financeiro do que o Fundo. Logo, se o investidor aplicar mais de R$ 250 mil no Tesouro ele pode se sentir seguro de que não perderá capital e de que será pago quando liquidar suas notas ou chegar ao vencimento delas.
Desvantagens do Tesouro Direto
1. Perda de rentabilidade na venda antecipada
Quando se liquida uma nota antes de seu vencimento existe o risco real de não receber toda a rentabilidade contratada. Porém, se o investidor tem certeza de que não precisará daquele capital antes da data prevista, não precisa se preocupar com essa desvantagem.
2. Incidência de imposto de renda
Opções da renda fixa como CRI, CRA e fundos de investimento imobiliário podem gerar bons rendimentos e não são tributados com IR. É uma desvantagem considerável, apesar de o Tesouro também possibilitar bons ganhos.
3. Pouca rentabilidade em curto prazo
Todos os vencimentos das opções do Tesouro são para o longo prazo, que é quando se tem bons resultados com essas aplicações. Portanto, se o investidor deseja rentabilidade rapidamente deve diversificar seus investimentos com, por exemplo, ações da bolsa e outras aplicações de prazo menor, com alta rentabilidade, porém, com risco maior.
Então, quando investir no Tesouro?
De modo geral, se o investidor tem capital para investir em longo prazo, sem necessidade de resgate antecipado, e quer financiar um grande propósito futuro, as notas são boas escolhas.
Também vale a pena investir no Tesouro para quem mantém aplicações em curto e médio prazos, com rentabilidades e riscos maiores, e quer diversificar investimentos ao mesmo tempo em que mantém parte do capital em maior segurança — o que a União é capaz de proporcionar.
Como investir no Tesouro Direto?
Agora vamos ver, na prática, o que é preciso fazer para começar a investir no Tesouro Direto. Confira o passo a passo abaixo.
1. Escolha uma instituição financeira
Existem diversas instituições financeiras, como corretores de valores e casas de investimento, pelas quais você pode investir em Tesouro Direto. Para decidir qual a melhor para você, não basta escolher a que tem as menores taxas. Verifique também o suporte prestado ao investidor, assim você poderá contar com uma boa assessoria.
2. Abra uma conta na instituição escolhida
A abertura da conta na instituição que você escolher é gratuita. Verifique qual é a documentação solicitada. Algumas oferecem um cadastro totalmente digital, com o envio de documentação por foto ou escaneada, trazendo mais comodidade para o investidor. Clique aqui e abra sua conta com a Focus Invest!
3. Envie o dinheiro para a sua conta na instituição
Para começar a investir, primeiro é preciso transferir o dinheiro do banco para a sua conta na instituição financeira escolhida. Para isso, você deve fazer uma TED do valor que deseja aplicar e as duas contas devem ter a mesma titularidade.
4. Escolha o título
Com o dinheiro na conta da instituição que você escolheu, opte pelo título público mais adequado para o seu objetivo.
Lembre-se, você pode escolher entre:
- um que renda a inflação mais uma taxa de juros (Tesouro IPCA+);
- um que acompanha a taxa de juros do país (Tesouro Selic);
- ou um prefixado (Tesouro Prefixado), cujos rendimentos são conhecidos no momento da compra.
A decisão de qual título comprar vai depender dos seus objetivos e de como você entende que a economia vai se comportar daqui para a frente. Por isso, na dúvida, é sempre bom contar com um especialista capaz de ajudar nessa escolha. Vale destacar também que nada impede você de comprar mais de um tipo de título.
Além disso, é preciso definir se você quer receber o pagamento de juros semestrais ou não. A vantagem de receber rendimentos semestrais é que você pode usá-los para reaplicar o dinheiro. Por outro lado, a incidência de imposto de renda sobre os juros semestrais pode ser maior do que se você receber tudo no vencimento do título.
Qualquer que seja a aplicação que você estiver fazendo, é muito importante conhecer a rentabilidade e os riscos que existem. Assim você evita surpresas desagradáveis.
5. Defina quanto vai aplicar
Se você olhar o preço dos títulos no site do Tesouro Direto, vai ver que eles podem custar alguns milhares de reais. Mas não é preciso dispor de tudo isso para começar a investir, uma vez que é possível comprar frações de um título.
A quantidade mínima de compra é de 0,01 título, ou seja, o equivalente a 1% do valor do título, com valor mínimo de R$ 30. Assim, se o título está sendo negociado a R$ 5.000, você só precisa de R$ 50 para investir. Agora, se o preço unitário do título for R$ 1.000, deve-se respeitar o valor mínimo de R$ 30.
O Tesouro Direto também permite que você configure uma compra programada mensal no valor que desejar. É uma ótima forma de ter disciplina para investir.
Agora você já sabe se o Tesouro Direto ainda vale a pena, como ele funciona e como fazer para aplicar. Depois da aplicação, acompanhe os resultados do seu investimento e reveja suas estratégias periodicamente.
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